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Não morrí não! O tempo que ficou curto demais!

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Nas montanhas da Georgia, quase na fronteira com a Rússia

Queridos companheiros de viagem, 


Só para dizer que estou vivinha da Silva e que logo, logo volto à contar as aventuras ao redor do mundo!

Tenho viajado, mas bem menos do que gostaría (completando 80 países este ano)!! Boa parte do tempo livre (já que gente normal como eu trabalha 8 horas por dia!) tem ido para grandes projetos paralelos e claro, horas de brincadeiras com o Daniboy.

Estou louca para contar como foram as últimas viagens: Butão, Tibet, Romênia, Macedônia, Bulgária, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Tanzânia, Quênia, Arábia Saudita, Vietnã...

Enquanto isso, aproveite para viajar nos destinos que já estão aqui e também no Instagram:

Meybod, Irã

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Meybod é a 2a maior cidade da província de Yazd e já foi capital do Império Persa durante a dinastia Mozzaffari, no século XIV.

Em pleno deserto, grande parte da cidade é formada por construções em adobe, uma espécie de argila vermelhada, que dá o tom terroso à Meybod.



Há alguns anos a cidade tenta incluir seu patrimônio na lista da Unesco, porém ainda não obteve sucesso. Possui um dos  mais antigos castelos do Irã, Narin Castle, construído pelos Sassânidas há mais de 2 mil anos atrás. Infelizmente, a falta de zelo está presente e o castelo vive no abandono. 


Meybod é famosa pelas caranvaçarais - os lugares onde os antigos mercadores paravam para abastecimento em meio à rotas comerciais - muitas das quais transformadas em resturantes ou outras propriedades particulares. Nesta que paramos, havia ainda artesãos fazendo os famosos tapetes persas


Ainda consta da curiosa "casa do gelo", uma espécie de colméia gigante de adobe, que era capacitada para manter por meses intacto o gelo coletado no inverno, mesmo durante todo o árduo verão.

A proeza era conseguida devido à inteligente arquitetura. O piso era escavado à alguns metros da superfície e no formato de uma bacia, com paredes curvas e muito espessas, capazes de manter o gelo num ambiente fresco e longe do calor da superfície. 

No teto, um domo com altura suficiente para manter o ar quente distante, com uma abertura pequena para circulação do ar. Para uma cidade no meio do deserto, sem dúvida esta engenhoca gigante era o maior tesouro que uma população poderia ter!



Meybod está entre Isfahan e Yazd e é uma boa opção para quem está fazendo o trajeto de carro. Pertinho dali paramos também num vilarejo lindinho, com as construções também no mesmo estilo de Meybod. Uma volta ao tempo!

No vilarejo próximo à Meybod, menino iraniano tenta garantir o almoço 

Veja+


E ainda:

Nain, Irã

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Nain é uma cidadezinha de pouco mais de 20 mil habitantes, localizada à 150 kms de Isfahan. Seu nome significa “Noé”, pois acredita-se que os descendentes do personagem bíblico ocuparam a região e iniciaram a vila que se encontra ali hoje. O que torna Nain tão especial, além dos famosos tapetes,  é a mesquita de mesmo nome, uma das mais antigas ainda de pé em todo Irã.


A Jama Mosque, como é conhecida, teve sua construção iniciada no século VIII, logo depois da invasão árabe.  A mesquita tem um trabalho decorativo interessante em tijolos e o púlpito é ricamente esculpido em madeira, datado de 700 anos atrás.


A mesquita conta ainda com uma infra-estrutura subterrânea, que mantém uma agradável temperatura de 15 graus, enquanto à superfície queima no calor de mais de 40 (no verão)!



Nain conta com um sistema de irrigação subterrâneo, chamada Qanat, onde aquedutos debaixo da terra trazem água de montanhas distantes, ligando casas e propriedades diversas num emaranhado de canais. Os Qanats foram inventados pelos Persas há mais de 3 mil anos, como uma forma de  sobrevivência no deserto. Em Nain é possível ver os Qanats funcionando ainda hoje em perfeito estado, que além de fonte de água, funcionam também como um ar condicionado natural. 

O Qanat corre aqui e interliga várias casas


Nain pode ser conhecida numa visitinha rápida, quando estiver fazendo o trecho entre Isfahan e Yazd de carro. Além de Nain, há também a cidadezinha de Meybod, a típica vila iraniana no meio do deserto, que conserva mais de 200 caravanas do período da Rota da Seda. Logo mais nos posts seguintes. 


Veja+


E ainda:

Isfahan, Iran

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Se tem algo que todos os iranianos concordam (e os turistas também) é que Isfahan é a cidade mais bonita do Irã! Suas ruas arborizadas e limpas, pontes decoradas, praças imensas e arquitetura espetacular retratam o esplendor que Isfahan viveu durante séculos. Foi capital do Império Persa por duas vezes e viveu seu momento glorioso  no século XVI durante a poderosa dinastia Safávida, que deu um ar cosmopolita a cidade, atraindo trabalhadores da Turquia, China, Índia, Geórgia e Armênia. Deixou de ser capital no século XVIII, quando foi capturada pelos Afegãos e Teerã acabou sendo condecorada como tal.  



O ponto mais marcante de Isfahan é a magnífica Praça Naghsh-e Jahan, também conhecida com Iman Square, uma das maiores praças do mundo e tombada pela Unesco como patrimônio mundial da humanidade.

A praça é envolta em magníficas construções, dentre elas, duas mesquitas (uma para o povo e outra para o rei), um palácio e o grande bazar. O jardim da praça é um perfeito exemplar persa, com sua geometria simples que revela pura nobreza.  



Mesquitas
A mesquita Sheikh Lutfollah foi construída para atender a família real e sua corte. Apesar do seu tamanho pequeno, o trabalho decorativo interno é surpreendente, com milhares de azulejos formando mosaicos de flores, figuras geométricas e frases do Alcorão. 



Além disso, seu incrível domo é constituído por azulejos em um estilo arabesco característicos, que vão de formas circulares menores a maiores, dando uma perspectiva interessantíssima ao lugar. Tudo isso, construído em meados do ano de 1600.



A mesquita do Xá, que passou a se chamar mesquita do Iman depois que o título "Xá" deixou de significar algo para o país após a revolução de 1979, é de uma grandeza sublime. Seu tamanho é proporcional à multidão de fiéis aguardada para a reza, entretanto a decoração é de uma delicadeza tão grande, que torna a massiva construção em um conto de fadas



Este é o esplendor da arquietura persa, que influenciou tantas outras no mundo, dentre elas o estilo Mughal, com o ícone máximo o Taj Mahal na Índia

A praça ainda conta com o Palácio Ali Qapu, que apesar de não aparentar, é um prédio de 7 andares com 48 metros de altura, um arranha-céu para a época, que ficou devidamente enquadrado na praça pela proporcional arquitetura. Além da bela vista, o Palácio merece uma visita pelo incrível trabalho na decoração da sala de músicas, com painéis de madeira recortados em formatos de instrumentos musicais. 

Para completar os atrativos da praça, há ainda o Grande Bazar de Isfahan, que à propósito, tem o melhor preço em comparação com os outros bazares do Irã. O artesanato é riquíssimo e possui as tradicionais peças de Isfahan em metal e porcelana, retratando o design do domo da mesquita Sheikh Lutfollah.


Além das incríveis construções ao redor da praça, ela tem um atrativo intrínseco, que só dá para notar estando lá. A energia que ela emana é algo interessante. É uma praça viva, cheia de pessoas que a usufruem diariamente como parte de suas vidas, que se juntam no final da tarde para fazer pic nics, para comprar no bazar, para rezar na mesquita ou simplesmente, para apreciar a paisagem e ver o footing. 


Isfahan conta ainda com o Palácio Chehel Sotoon, construído pelo Grande Xá Abbas para ser o pavilhão de recepções do Império Persa daquela época. Além do clássico jardim persa com piscinas, ele conta com belos afrescos que retratam o reinado de Abbas. 



As pontes de Isfahan também são um atrativo à parte. Jovens iranianos passam o fim de tarde e noite perambulando pelas pontes e cantarolando músicas típicas ou recitando versos do poeta Rafez. Ficam lindamente iluminadas à noite, com seu reflexo projetado no rio. Uma cena clássica para ser vista apenas no inverno, pois durante o verão o curso do rio é desviado para garantir a subsistência da província de Isfahan, permitindo a produção de frutas e vegetais mesmo no calor cruel de mais de 40 graus.


Curiosamente, Isfahan conta com um bairro católico em meio à uma população esmagadora muçulmana. O bairro é formado por Armênios que migraram para a região há 4 séculos à convite do imperador Abbas, que vislumbrava um país cheio de artistas, característica notável dos armênios. Sua igreja possui afrescos maravilhosos, coloridos e ricos!




Dicas de Viagem Isfahan, Irã

Onde comer
A comida iraniana é maravilhosa!! Não fique restrito a apenas as dezenas de opções de kebab (uma espécie de churrasquinho com especiarias locais), aventure-se também por outros pratos divinos, especialmente os agridoces, que abusam das frutas locais, como o romã. Isfahan tem ótimas opções de restaurantes, dentre eles o Shahrzad. Imperdível!


Onde ficar
Aproveitando da baixa cotação do Rial frente ao dólar, aproveite para sentir-se como um verdadeiro Xá e hospedar-se no espetacular Hotel Abassi. Excelentes opções de restaurantes também!




Como chegar
Localizada ao sul de Teerã, aproximadamente 5 horas de carro, Isfahan é a terceira maior cidade do país e abriga uma população de aproximadamente 1.5 milhão de pessoas. É possível chegar a cidade por estrada, avião (desde as maiores cidades iranianas via Iran Air) e trem.

Quando ir
Melhor época para conhecer Isfahan é de Outubro a Abril, quando o clima não está muito quente. Isfahan pode ser conhecida em 2 dias e é fundamental ter um guia acompanhando nos pontos turísticos. Vale cada centavo!

Como agir
Isfahan, juntamente com Mashaad, é uma das cidades mais religiosas do Irã e é preciso estar mais atento quanto à vestimenta, principalmente em feriados religiosos.



Veja+


E ainda:

Encontro Inusitado

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Quando andava sonhando em visitar o Irã, eu descobrí na internet o blog da Carol Dutra, que é uma brasileira que vive em Tehran há 2 anos. No Coordenada XY ela desvenda os preconceitos que existem em torno do Irã e mostra as peculiaridades do país, com posts agradáveis sobre os mais diversos assuntos.  

Eu e a Carol trocamos alguns comentários e enviamos emails, porém nunca chegaram, tanto para mim quanto para ela. Talvez pela morosidade e dificuldade da internet do Irã, talvez devido ao lixo eletrônico da caixa de emails ser muito severo, talvez porque passou despercebido. Enfim, o fato é que nossa comunicação não fluiu e acabamos não combinando um encontro no Irã ou em Dubai e ainda, perdí a oportunidade de agradecê-la por ter me encorajado através dos seus posts a fazer esta viagem incrível!

Hoje um encontro inusitado aconteceu. Em Abu Dhabi, no Parque da Ferrari, enquanto eu almoçava com a família, uma pessoa veio à minha mesa. Surpreedentemente era a Carol que havia me "reconhecido" das fotos no blog. Foi o maior barato! Começamos ali um bom papo e uma promessa de uma viagem no futuro. Da blogsfera para o mundo real!

Já dizia Vinícius de Moraes: A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida! 

Adorei Carol! 




O que é preciso para visitar o Irã?

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Bom, primeiro de tudo quem quer ir para o Irã, é preciso coragem e disposição. Não é todo mundo que está preparado para desvendar os pré-conceitos e quebrar os paradigmas criados pela CNN, BBC e Globo. Como você bem sabe, a imprensa vive de vender tragédia e assim, acaba por potencializar os fatos mais radicais do Irã.


A consequência disto é que, sem dúvida, a experiência de visitar o país sempre irá superar as expectativas prévias, que andavam baixas uma vez que o universo inteiro conspira contra o país. 

O Irã tem muito do que se fala por aí, mas também tem um povo tão alegre que não combina em nada com o rótulo de terrorista que vemos pelo mundo ocidental. Existe um percentual da população que é bastante extremista, que ganhou força após as insatisfações com o governo do último Xá Rheza Pahlevi (o título do presidente persa até 1979) e aderiram à famosa Revolução de 1979, quando a população expulsou o Xá e entronou o líder religioso Aiatolá Khomeini, que acabou com o estado Laico e transformou o país em República Islâmica. Daí, todo mundo já conhece a história... o radicalismo foi tomando forma e o terror tomou conta. 

Depois disso, o país entrou numa fase sombria com Ahmadinejad e agora parece ver um clarão no fim do túnel com o novo presidente eleito. Entretanto, com o risco de uma nova guerra mundial, o Irã pode reverter o presente mais pacífico e entrar num buraco novamente. 

Enfim, há 30 anos que o Irã vive uma instabilidade política muito grande e se você for esperar até que tudo esteje azul, pode ser que nunca visite o país. 


Além de coragem e disposição você precisa também para visitar o Irã:

=> passaporte com validade mínima de 6 meses;
=> ter carta-convite de alguma empresa, órgão governamental ou agência de viagens;
=> visto concedido previamente por embaixada ou via agência de viagens;

Você precisa contactar uma agência de turismo receptivo no Irã para providenciar o seu visto. Se você for fazer o passeio com a mesma agência, geralmente eles concedem gratuitamente o serviço de solicitação do visto. Caso contrário, a agência cobrará uma taxa para o mesmo. 


O visto de turismo para o Iran para brasileiros demora em torno de 3 semanas e o valor é de USD 30 a ser pago na porta de entrada do país (Tehran, Tabriz, Shiraz).

Para visitar o Irã é indispensável ter uma agência de turismo receptivo para organização suporte e segurança. O Irã não é o tipo de país que você vê mochileiros pra cima e para baixo. É um país com nível de perigo superior à países europeus ou americanos. Além do mais, grande parte da população não fala inglês e não há infra-estrutura adequada para receber um turista autonômo. A agência que eu utilizei foi a Trip do Persia, recomendadíssima não só por mim, mas também pelo Lonely Planet e Trip Advisor.

Além de coragem, disposição, visto e agência de viagens, você precisa também ter uma noção da cultura local para evitar gafes e por que não dizer, até prisão. 



Primeiro, as mulheres precisam cobrir os cabelos e seguir o código de vestuário, veja aqui neste post como se vestir no Irã. Segundo, é preciso saber como se portar no mundo muçulmano, sobretudo aquele onde a maioria é xiita:
=> Contato entre pessoas de sexo oposto deve ser evitado;
=> Alcool é motivo de prisão. Se for pego 4 vezes, é condenado à morte;
=> Tirar fotos de locais é um ato condenado;
=> As horas de reza são sagradas, é preciso respeitá-las e não entrar nas mesquitas nestes horários;
=> Mulheres nunca devem ficar sozinhas, mesmo durante a luz do dia. Se algo acontecer à uma mulher (assédio, estupro...) será considerada sua culpa e a mesma será punida!;
=> Se for viajar durante o Ramadan, o  mês sagrado dos muçulmanos, é bom enteder o que isto significa, veja este post aqui

Veja +

Desfilando o modelito iraniano por Yazd, me sentindo quase uma local!

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